Nossos amigos Erasmus e dois italianos muito gente fina ;)
Uma das coisas que
eu mais tinha medo antes de sair do Brasil é de como me relacionaria
com pessoas de outros países. Eu fazia parte de vários grupos no
facebook de intercambistas que já estavam aqui (ou já tinham
estado) e muitas pessoas falavam do quanto italianos (e europeus em
geral) eram difíceis, antipáticos, grosseiros e xenofóbicos.
Embora seja um baita pré-conceito nosso
generalizar os
italianos dessa maneira, acaba sendo “normal” quando topamos com
alguém que corresponde a esse estereótipo pensarmos: pfff,
italianos.
Quando chegamos em
Camerino (cidade onde passamos nosso primeiro mês aqui na Itália
para fazer o curso de italiano) conhecemos muita gente de diversos
países. Haviam muitos brasileiros e argentinos, mas tinha também
tinha gente do Uruguai, México, Costa Rica, Alemanha, Russia,
Inglaterra, Polônia, Austrália, Suíça, Grécia, Guatemala...
enfim, haviam 20 nações diferentes na pequena cidade de Camerino.
Foi a primeira vez que conheci e entrei em contato com tanta gente de
países tão diferentes do meu. Como estávamos divididos por nível
de italiano (A1, A2, B1, B2...) haviam pessoas de nacionalidades
diferentes na mesma turma. E por isso, a comunicação deveria ser
sempre em italiano, até mesmo para nos forçarmos a aprender o
idioma. (Vez ou outra o povo falava inglês, o que eu não gostava
pois meu inglês é péssimo rs). Nesse primeiro mês de Itália, fiz
uma grande amizade com um padre (e fotógrafo) polonês, uma menina
uruguaia e outra guatemalteca (além de outras duas brasileiras) Sabe
aquelas pessoas que a gente convida pra vir na casa da gente,
apresenta pros pais e tal? Com certeza eles seriam essas pessoas.
Nossos amigos do curso de italiano em Camerino
Nós, a Leslie (nossa roommate) e nosso amigo padre
Há duas semanas nos
mudamos pra Ascoli Piceno, a cidade onde fica o campus de Arquitetura
e Design. E aquela insegurança com relação aos italianos voltou.
Afinal, agora não estaríamos numa cidade com uma grande quantidade
de estrangeiros sedentos por amigos. E como nosso contato com
italianos em Camerino tinha se limitado a professores e comerciantes,
ainda não sabíamos bem o que esperar.
Então as aulas
começaram e logo no segundo dia conhecemos dois meninos do Erasmus*.
Um da Romênia e outro da Turquia. Na mesma semana eles convidaram a
gente para ir a um pub onde estava acontecendo a Oktober Ascoli
Piceno. (Siim, tem oktober na Europa inteira! Ahahah) Lá, conhecemos
outra romena, outro turco, uma espanhola, um francês e um italiano,
no meio desse povo internacional todo. Foi muito divertido!
Conversamos um pouco em inglês e um pouco em italiano, dançamos na
praça, cantamos, fizemos amizade com o garçom vestido de
alemão...Lembro do momento que o Giulli olhou pra mim e falou: Amor,
tem um Romeno e um italiano se abraçando! Isso é tão legal! Pra
quem não sabe, a Itália recebe um número muito grande de
imigrantes ilegais vindos da Romênia e existe um preconceito maior
ainda da parte dos italianos com relação aos romenos.
Vitorio, o italiano
que abraçou o romeno, disse que conhecia outra brasileira que estava
por aqui e que nos apresentaria a ela. Cerca de dois dias depois,
estávamos fazendo caipirinha junto com a outra brasileira, numa festa na casa de uma italiana
queridíssima, que ama o Brasil e sabia falar várias palavras em
português. Lá, conhecemos outro tanto de gente italiana, com os
quais dançamos juntos, ensinamos passinhos, conversamos, cantamos e
contamos que nem todo brasileiro sabe sambar. (rs) Na manhã
seguinte já haviam solicitações de amizade no nosso facebook e
publicações como “Quando será a próxima festa galera?”.
Ai eu tive certeza:
Tem muita gente legal nesse mundo e não dá pra catalogar ninguém
pela nação da qual pertence.
Ontem, depois da
aula, uma italiana da turma com quem já havíamos conversado na
Oktober convidou a gente para um Aperitivo* no começo da
noite. Lá conhecemos outras pessoas italianas, do design e da
arquitetura. No momento das apresentações, como sempre, a italiana
não entendeu meu nome e repeti algumas vezes mas sem sucesso, ela
não conseguiu repetí-lo. Nisso, fui surpreendida com um abraço e
um “mi dispiace, mi dispiace, non parlerò il tuo nome mai ”.(me
desculpe, me desculpe, não falarei seu nome nunca!) Sim, uma
italiana, aquelas que eu pensava que seriam frias, antipáticas e
insensíveis, me deu um abraço como pedido de desculpas por não
conseguir pronunciar meu nome.
Pra finalizar, ainda
ontem, enquanto jantávamos com o pessoal do Erasmus, conversávamos
sobre fazer amizade com italianos, e notamos que aquele ~mito~ com
relação aos italianos existe em todo o mundo. E o francês falou
algo muito legal que me motivou a escrever esse post: “é como um
espelho. Se formos simpáticos e legais, eles vão ser simpáticos e
legais.”.
Então se você
topar com alguém que te disser que italianos são assim, e alemães
são assado, saiba que existem pessoas antipáticas, grosseiras,
chatas e frias em todo mundo. (Vai dizer que não conhece nenhum
brasileiro assim?) Mas também tem gente legal, simpática, calorosa,
gentil e prestativa. E eu acredito que esses são a maioria. Façam
um esforço pra acreditar também viu?
Erasmus*: é um programa de mobilidade criado e financiado pela União Européia. Parecido com o Ciência sem Fronteiras, mas limitado a países da União Européia.
Aperitivo**: Como um
happy hour sagrado aqui na Itália. Todo final de tarde, depois do
expediente, os italianos vão ao bar, pedem uma bebida (geralmente
vinho branco ou uma spritz), que sempre vem acompanhada com alguma
comidinha, sejam sanduíchinhos, frios, frituras..etc.
Eu ~morro~ de vontade de fazer intercâmbio e o teu post me deixou com mais vontade ainda. Essa coisa de conhecer gente nova, estar em um lugar com gente de vários cantos do mundo é encantadora. Que bom que você ajudou com esses mitos sobre os italianos. E vou levar pra avida a frase do francês. Amei este post!
ResponderExcluirBeijos Thu!
Anônimo Provisório